Jundiaí é uma cidade tradicionalmente italiana. Em alguns momentos, mais de 50% da população era descendente direta de imigrantes.
Alguns bairros, no entanto, são bem mais italianos que outros e mantém muitas tradições de outrora. Esse é o caso do bairro do Traviú, onde está a Rota da Cultura Italiana.
Localizado às margens da Rod. Anhanguera, o Traviú trata-se de um dos bairros mais tradicionais de Jundiaí.
No final do século XIX, mais precisamente em 1893, um grupo de imigrantes originários do norte da Itália, contando com recursos próprios, chegou ao Brasil. Seu destino inicial foi a Fazenda Sete Quedas, em Campinas, em que trabalharam na lavoura de café. Pouco depois, este mesmo grupo comprou as terras que hoje compõem o bairro do Traviú. No início, tentaram também produzir o café, mas foi com a uva, cujas parreiras até hoje podem ser lá encontradas, que o bairro encontrou sua verdadeira vocação. Apesar do tempo, o Traviú mantém muitas de suas tradições.
Quanto à palavra “traviú”, credita-se a ela uma origem indígena: “atraviu”, “atarui” e “traviu”, em língua tupi guarani, significam “companheiro de viagem”.
Atualmente, o bairro soma mais de 50 pequenas propriedades produtivas, destacando-se na produção de uvas, caqui, pêssego, ameixa, pitaia, legumes e verduras.
Historicamente, a região tem enorme importância para a da cidade de Jundiaí, já que a história do bairro se confunde com a história da cidade que se tornou reconhecida nacionalmente como Terra da Uva.
A história da uva em Jundiaí é bastante antiga. Em 1669, quando a cidade era apenas um povoado, o cartório do 1º Ofício já registrava a venda de vinho de uva produzida em nossas terras.
Mas foi somente no final do século XIX que a produção se ampliou, com a chegada da variedade da Uva Isabel trazida pelos imigrantes italianos.
Entretanto, a cidade ganharia destaque na produção a partir de um importante ocorrido no ano de 1933, quando, a partir de uma mutação genética somática espontânea, em meio a produção da Niagara Branca, de origem americana, surgiu a variedade rosada, na região do Traviú.
Essa mutação espontânea chamou a atenção dos produtores e também do consumidor: a niagara rosada passou a ser conhecida nacionalmente e Jundiaí, por ser o berço desta variedade, passou a ser conhecida como a Terra da Uva.
A importância do ocorrido foi tão significativa que no ano seguinte aconteceu, em Jundiaí, a primeira Festa da Uva, que recebeu mais de 100 mil participantes, em um período que a população da cidade não ultrapassava os 40 mil habitantes.
A mutação aconteceu em um sítio da família Carbonari, cujo proprietário Antonio Carbonari recebeu o título de comendador. O Comendador Antonio Carbonari dá nome, atualmente, ao Parque da Uva de Jundiaí. Hoje, a Uva Niágara Rosada é uma das variedades de uva de mesa mais cultivadas no país, sendo nossa região a principal produtora nacional e Jundiaí, conhecida como “TERRA DA UVA”.
“Jundiaí ganha, graças aos compradores da Fazenda Travihu, italianos imigrantes no final do século XIX, o apelido de “Terra da Uva” devido a um prêmio obtido em 1922, na “Exposição Internacional do Rio de Janeiro”, e também ao prêmio obtido na “Exposição VitiVinícola do Estado em Jundiahy”, em 1934, com a Uva Niagara, da produção local.”
(Fonte: André Munhoz de Argollo Ferrão e Luci Mehry Martins Braga – 2008).
Mas as belezas do Traviú não estão restritas a produção de uvas. As mesmas famílias que ali chegaram no final do século XIX permanecem no bairro até hoje e mantém muito das tradições ‘que trouxeram consigo da Itália.
Da produção artesanal de massas, à produção de uva, passando pelos esportes tradicionais e pelo Clube do bairro, tudo ali remonta a Cultura Italiana.
Por estas características tão peculiares, a Rota da Cultura Italiana está ali e espera os visitantes para mostrar o que tem de melhor: uma linda comunidade ítalo-brasileira, sua gastronomia, seu saber-fazer, seu dia-a-dia, sua língua e toda a tradição de mais de 100 anos de história.