Rota Afro

Clube 28 de Setembro

Endereço: R. Petronilha Antunes, 363 - Centro, Jundiaí - SP, 13201-080

Principais comodidades

Possui acesso pavimentado

Segundo o Arquivo Histórico Municipal a origem do Clube Beneficente, Cultural e Recreativo 28 de Setembro está ligada à iniciativa de um grupo de ferroviários negros, trabalhadores da Companhia Paulista de Estradas de ferro que, no final do século 19, uniram-se para formar uma agremiação própria destinada ao entretenimento, educação, cultura e assistência mútua. 

O Clube foi idealizado no dia 02 de abril de 1895, recebendo, na mesma data, o nome de “Dois de Abril”, com a ata de fundação, por meio da qual solicitava a doação de livros para ampliação de sua biblioteca.  Transcorridos dois anos de sua idealização, o nome foi alterado para Clube 28 de Setembro, em homenagem à Lei do Ventre Livre,  também conhecida como Lei Rio Branco,  Lei n. 2.040, de 28 de setembro de 1871, e Lei dos Sexagenários, conhecida por Lei Saraiva-Cotegipe, de 28 de setembro de 1885.
Em 1946, a partir das reivindicações da comunidade negra e as articulações com o então Prefeito Dr. José Romeiro Pereira, o Clube 28 recebeu, por força de lei, o terreno onde se encontra edificada a sede atual – Rua Petronilha Antunes, n.º 363 – na Praça da Bandeira,

É possível verificar nas atas da década de 1930  que o Clube 28 manteve uma escola de samba, que foi vencedora, por muitos anos, dos carnavais de Jundiaí e criação de uma escola de alfabetização, a Cruz e Souza que atendia tanto associados como o público em geral. Saraus literários e encenações teatrais também faziam parte das atividades, o que também despertou olhares da Frente Negra Brasileira, um movimento sob o comando do Senador Abdias do Nascimento e outros intelectuais.

 Em 2013, Maria Angela Borges em publicação na Revista Educação e Fronteiras cita que nas décadas iniciais do século 20, além de bailes, concursos de beleza e outros encontros de natureza social, O Clube 28 de Setembro buscou viabilizar iniciativas educacionais, ora por meio da oferta de “palestras” que tinham por temática central episódios da história do Brasil ou grandes nomes da literatura, ora com cursos de caráter profissionalizante, alguns dedicados às mulheres como de datilografia e costura.

 O Clube 28 realiza atividades sociais, culturais e de lazer e entre elas está o tradicional Baile de Aniversário, evento que faz parte do calendário Municipal de Eventos de acordo com a Lei Municipal n. 7.312 de 08 de julho de 2009. Foi Ponto de Cultura em 2010, através de parcerias entre os governos Federal e Estadual. Em 2016 foi reconhecido como bem cultural imaterial da cidade na reunião ordinária do Conselho Municipal do Patrimônio Artístico e Cultural – COMPAC,  de 19/01/2016, conforme publicação na Imprensa Oficial do Município de Jundiaí, em 22/01/2016, e registrado no Livro de Registro de Lugares, em seu V.1 – FL. 002, sob o n° 01/2016, no dia 29/01/2016. É o quarto clube social negro mais antigo do Brasil ainda em atividade e o mais antigo do Estado de São Paulo.

As razões que levaram homens e mulheres a criarem uma instituição para congregação de pessoas negras, cinco anos após a abolição da escravatura, possivelmente ainda são as mesmas que hoje fazem com que o movimento negro organizado lute pela efetivação dos direitos sociais da população negra. Assim, bem provável que, boa parte das motivações sociais e históricas que aglutinaram aqueles homens e mulheres há cento e vinte e oito anos, ainda hoje mantenham-se presentes, apesar dos avanços sociais, econômicos e tecnológicos da sociedade. 

Saiba mais em: Arquivo Histórico Professora Maria Angela Borges Salvadori

Texto: Valéria de Paula Ignácio, Departamento de Cultura e Denilson Ricardo André, Departamento de Patrimônio. Unidade de Gestão de Cultura – Fevereiro/2023 – revisão Março/2025.